Aninha estava saindo com um cara que a unica duvida do mundo era: onde estava seu cavalo branco?
Era P E R F E I T O.
Alto, forte de tipo assim, uns 15 anos de musculação seguidos, mestre em um esporte, sorriso bonito. Tinha presença, mesmo.
Ele tinha dois diplomas, pensava em iniciar a terceira faculdade, era inteligente, amava pessoas, amava viajar.
Acabara de sobreviver a um acidente enorme, era para ficar paraplégico, cinqüenta dias em coma, mas era tão forte, tão decidido, batalhador, que encarou a fisioterapia, contrariou os médicos e ‘ahá’ tava perfeito.
E se perfeição existe…
Brincalhão, apaixonado pela familia, com muita fé em Deus, amigável, trata todo mundo muito bem.
Aninha desfilou (desculpa o termo, mas foi isso que ela fez, briguem com a moça!) com aquele príncipe onde só faltava o cavalo branco, suas amigas elogiaram pra ela, até os amigos homens, as garconetes paravam na mesa e não queriam mais ir embora.
E enquanto sentada ela ouvia aquela aura de perfeição falar, ela só pensava: que sono, SONO………….
ZzZzZzZ
Vamos ao que interessa? 
Eu não quis fazer conclusão no texto, porque achei que deixar subentendido é bonitinho, mas lá vamos nós:
Gente perfeita dá um sono que Deus do céu, da desanimo de falar.
Quem é de verdade, tem passado, frustrações, algum defeitinho para consertar, quem é tocavel, é mil vezes mais interessante.
Na histórinha a Aninha ia preferir estar com um plebeu encantado onde o encanto fosse mutuo e a sorte também.
No mundo masculino, Joãozinho detesta a mulher moderna multitarefas que adora o status de conciliadora: estuda, é bem sucedida profissionalmente, articulada, politizada, bem opinada e pretende ter dois filhos – o máximo que ela conseguirá educar sem arruinar sua bela carreira. Não bebe ou fuma – porque estraga a pele – está sempre religiosamente depilada, cabelo alisado, não dorme de maquiagem e tem nos seus enventuais sonhos eróticos com Chico Buarque sua maior devassidão.
Eca.
Se a mulher conseguir ser tudo isso sem ser um saco, ótimo. Se ela conseguir metade disso sem ser um saco, ótimo. Se ela conseguir uma coisa de cada vez sem ser um saco, ótimo. Eu particularmente gosto de gente com quem eu consigo sonhar junto, que vá acordar com os cabelos desgrenhados e maquiagem de panda (olheira+lápis da noite anterior, metade nos olhos, 25% no rosto e 25% no travesseiro) e que não vai acreditar quando eu disser que a acho linda com todos os defeitos e imperfeições que ela acha que tem.
Foda é quando o cara perfeito se sente tão imperfeito que fica inseguro quando chega perto… E aí fica querendo impressionar e mata a perfeição que eu tinha visto nele…
Perfeição existe. Mas o que é perfeito pra mim não é pra você e assim por diante…
Ai, ai… *suspiros*